Brega é um termo depreciativo para definir um tipo de musica
cafona, melosa, com letras fáceis e ritmo repetitivo. Apesar do cunho negativo
comumente relacionado como de baixo gosto intelectual, as musicas hora bastante
animadas, hora bem dor de cotovelo, são incorporadas de maneira massiva na
sociedade e os adeptos do brega possuem pelo mesmo um grande carinho e
identificação.
Gosto sim, e dai?
Grande vitima de preconceito por parte da sociedade e no
meio critico, o Brega se constituiu um estilo pouco estudado e que causa certo
desconforto em quem admite com tom defensivo gostar do estilo: “É ruim, mas eu
gosto, e dai?”. O grande problema nessa tentativa de ocultação, é que fica no
ar a indagação sobre o que é esse estilo musical. A verdade é que o brega se
constitui pelo apelo que a musica passa e não por um gênero musical definido:
está no vestuário, nos gestos, no tema e forma de cantar a musica. Desse jeito,
temos breganejo, pagobrega, brega pop, forro brega, bolero brega e por ai vai.
Tantos gêneros foram jogados nesse “buraco comum” porque
sempre houve de maneira preconceituosa a distinção entre musica boa e ruim. O
surgimento da bossa nova como maneira de remodelar a forma de fazer musica e a
MPB que se colocou como resistência musical ao golpe militar de 64 foi um marco
na história da musica no Brasil. Dessa forma, todo gênero que se desligava a
situação da época era considerada alienada e desmerecida. Falar de traição,
casos de amor e sexo eram inadmissíveis: já era péssimo o gosto estético, quem
dirá a “falta” de teor ideológico. Mas se engana quem pensa que não houve
problemas para o brega e que este não cutucou a ditadura.
A clássica música
“Pare de tomar a pílula”, de Odair José, chegou a ser proibida em todo
território nacional, pois o governo estava fazendo uma campanha de
conscientização para o uso da pílula anticoncepcional. A onda de músicas que
relatavam relações sexuais homossexuais também foram censuradas, como “Eu,
pecador” de Agnaldo Timóteo e “Emoções” de Wando. Já Luiz Ayrão teve a música
“Treze anos” proibida de ser lançada no ano do 13º aniversário da ditadura e só
pode lança-la ao trocar o título por “O divorcio”, onde cantava: Há treze anos
eu te aturo e não aguento mais| Não há cristo que suporte e eu não suporto
mais| Você vem me sufocando como o próprio gás. Esses exemplos evidenciam que o
brega não era assim tão alienado, tornando-se até objeto de estudo pelo historiador
Paulo Cesar de Araújo.
Brega super cult
Como o brega tornou-se tão cult? Em 1984 Eduardo Dusek lança
o disco intitulado “Brega Chique”, como sátira ao tratamento dado ao brega,
chamando a atenção de um público que ate então tinha uma visão negativa do
estilo. Nessa leva, outros artistas investiram na sátira, como Falcão que
gravou a versão em inglês de “Eu não sou cachorro não” de Waldick Soriano.
(reparem na dancinha épica do jumento em 2:38, aproximadamente)
Mas o que tornou o estilo realmente cult foi a regravação de
músicas nos grandes nomes do MPB, como “Sonhos” e “Você não me ensinou a te
esquecer” na voz de Caetano Veloso e “Devolva-me” na voz de Adriana Calcanhoto,
por exemplo, deixando claro como o espaço de legitimação do que seria boa
musica é absurdo e preconceituoso. A verdade é que não existe festa sem brega, não existe vida sem música melosas de amor. Para dar um brinde de boas vindas ao estilo, abaixo uma lista das mais clássicas musicas bregas da história.
Recordar é viver
Sidney Magal com "O meu sangue ferve por você" (atenção a encenação da música).
"Garçom", de Reginaldo Rossi, o "Rei do Brega".
O clássico "Pare de tomar a pilula", de Odair José. Sinceramente, se não enquadrassem como brega, pra mim seria MPB.
"Borbulhas de amor" ganha disparado o Troféu Brega, ao meu ver. Como eu ouvi por ai "essa música seria horrível se não fosse excelente". E tocava no Xou da Xuxa, com várias criancinhas cantando junto!
Gretchen com um medley de sucessos. Ficou tão empolgada que ate esqueceu de dublar o playback.
"Adocica" voltou a fazer sucesso recentemente num comercial de cerveja.
A clássica música tema da abertura de "Os normais" é considerada brega, sim senhor!
Esse clipe épico de "O amor e o poder" ganha de todos os clipes da Valesca Popozuda. Sem mais.
"Fogo e paixão", muito sensual, na voz de Wando.
Por ultimo e não menos importante, Tetê Espindola com "Escrito nas estrelas" fecha com chave de ouro. Esse rabo de cavalo de lado feito na coxia, a roupa de crochê breguissima que ela pediu pra avó dela costurar, os dançarinos vestidos de coração gigantes e a própria voz dela, tão exagerada que eu te desafio a escutar ate o fim com fone de ouvido.
Bjos, até a próxima!
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